na última semana, apareceu na minha página de recomendados um vídeo de uma turma de 2012 dublando uma música, como um clipe, e, nos comentários, muitos comentavam da saudade que sentiam da época da malhação (novelas teen da globo, para quem não sabe) e que na época “todos tinham uma personalidade ou se inspiravam em quem tinha”, o que me fez lembrar do período e como tudo mudou de forma tão brusca.
mas como chegamos nesse ponto?
era teen
o que teria sido a era teen?
- na década de 2010, a febre eram as revistas da capricho com mil e um quizes de personalidade, filmes com foco na adolescência PARA os adolescentes, celebridades teen (Justin Bieber, One Direction, Taylor Swift, Miley Cyrus… assim vai)… enfim, tudo teen: dos jovens para os jovens.
por que “era teen”?
- essa foi a década que a internet estava em alta, além do fato de que todos queriam um momento de fama e a usavam para conseguir por ser um meio muito acessível. os meios de comunicação, sempre seguindo padrões e o que está na moda, investiram ainda mais no conteúdo para adolescentes, que eram a maioria que consumia. uma prova disso foi a era disney e nickelodeon, canais com crianças e adolescentes que tinham como público-alvo o mesmo que os seus contratados, que se sentia representado e fez com que muitos do público quisessem começar a atuar e a cantar, por exemplo, sendo a internet uma forma de lançá-los.
a era teen é uma era lembrada por todos, até pelo os que não tinham nem nascido e hoje tratam como “estética de vida”, e durou até 2016 com a sua queda iniciando a partir de 2017 (pelo menos, ao meu ver). a partir daí, os conteúdos deixaram cada vez mais de serem dedicados aos jovens, porque, enfim, eles cresceram.
a transição de conteúdo foi gradual, começando com o conteúdo deixando de ser de jovens para jovens, para se tornar de adultos para jovens, até o ponto atual de adultos para adultos (incluindo crianças). isso se dá também pelo envelhecimento da população como um todo e as proteções de imagem do jovem que se deu com os exposeds da vida por trás das câmeras, como aquele geral da nickelodeon que resultou até num documentário.
hoje em dia, as pessoas têm medo de se exporem online mesmo continuando ativas em redes sociais (até mais do que era naquele período já que a internet se tornou algo que temos contato na palma da nossa mão e a qualquer momento). no caso, elas usam com o propósito de observar, fazendo com que a quantidade de produtores de conteúdo não esteja proporcional ao público, que é maior, o que faz com que os conteúdos não saiam do mesmo.
a “mesmisse” de conteúdos
na década de 2010, os conteúdos eram diversos e para todos os gostos dos jovens, do “geek” até o vaidoso, e em diferentes meios (sociedades, que eram grupos de pessoas que tinham gostos e assuntos em comum; revistas; redes sociais como o tumblr, twitter, orkut e myspace, por exemplo). hoje em dia, temos ainda mais redes sociais, mas elas não são tão aproveitadas e parecem cada vez mais limitadas seja em forma de acesso ou conteúdo.
o que faz mais sucesso entre os mais jovens nas redes sociais são vídeos de “grwm” (‘get ready with me’ ou arrume-se comigo), por exemplo, que é um conteúdo bem antigo, mas que, quanto mais nova for a pessoa gravando, mais adulta ela parece na forma de falar. além dele, conteúdo de fofoca sobre subcelebridades de 15 anos continuam sem sair de moda, mas hoje são sempre das mesmas três, enquanto antes tinham de várias e de núcleos diferentes. a fofoca nunca sai de moda, mesmo que reduzida.
a mesmisse se intensifica ainda mais se pararmos para pensar que não conseguimos mais passar mais de 15 segundos num mesmo vídeo, o que faz com que a informação seja limitada, barrando uma inovação de conteúdo em tão pouco tempo.
até porque… o que de tão inovador se faz em 15 segundos?
no youtube, tínhamos vídeos de quase 20 minutos (em média) e ninguém reclamava da extensão. hoje em dia, 20 minutos é o tempo ideal de um episódio de uma série de streaming com 2 temporadas.
então, a mesmisse de conteúdos seria um resultado do cansaço de esforço mental de assistir a um vídeo que antes seria chamado de curto. da mesmisse, o minimalismo da informação.
a atualidade do minimalismo
nós vivemos numa era minimalista de cores, de informação, de quantidade… de tudo.
você já viu um debate sobre como o mundo parece que está perdendo sua cor, como se tudo estivesse meio acinzentado? sobre isso, um estudo alemão aponta que a “depressão dilui o contraste entre o preto e o branco”, ou seja, que quem vê o mundo dessa forma tende a ter o diagnóstico de depressão.
deve-se lembrar também que o mundo acompanhou a época do “boom” das cores e a sua saturação nos anos 1960 até o atual minimalismo. sobre o uso das cores, designers afirmam que a paleta neutra (preto, branco e cinza) começou a ser mais usada de uns anos para cá pela sua praticidade e também pela maturidade que ela exala.
essa mudança de paleta pode ser relacionada com o trajeto que a cultura humana faz e como ela vai perdendo a sua positividade e originalidade com o tempo. o que explica o porquê de tanta coisa ter mudado, como o conteúdo voltado aos jovens, que antes eram a maioria.
então… seria o minimalismo uma consequência do envelhecimento da população?
porque, durante a “era teen”, lembrada no início do post, tudo era mais colorido, excessivo… enquanto hoje em dia, o neutro e o mínimo é mais organizado, chique… enfim, mais bonito.
então mudamos, porque nossa sociedade amadureceu junto com a informação. e, como bem sabemos, crescer dói: nós estamos passando por um luto diário pelo tempo perdido e sobre o que poderia ter sido ou acontecido.
com a época da pandemia, tudo isso foi reforçado por ter sido um período no qual estávamos reclusos da sociedade e, por sermos seres sociáveis (segundo a ciência), isso nos trouxe um prejuízo muito caro: a nossa saúde mental. daí vem uma prova do estudo alemão.
hoje em dia, estamos passando por uma fase de “retorno ao vintage”, ou seja, a volta de itens que antes eram populares no dia a dia da população, como o uso das cybershots, câmeras digitais portáteis que hoje muitos estão usando para registrar momentos ao invés de usarem a câmera do celular. imagina se, nesse retorno ao vintage, as cores, as revistas e o maximalismo voltassem?
mds eu tava falando disso ontem!!!