a primeira vez sempre será mais difícil: você andou pela primeira vez, mas, antes de aprender, caiu várias vezes; você falou pela primeira vez, mas, antes de falar, soletrou várias vezes; você escreveu pela primeira vez, mas, antes de escrever, saíram as letras erradas.
as outras vezes já são mais fáceis: antes você andava devagarinho, agora você corre; antes você falava palavras soltas, agora você conta uma história de início ao fim e enfrenta trava-línguas; antes você escrevia uma palavra sem sentido, agora você escreve até um livro.
não há regras de vivência, mas a primeira vez sempre é mais difícil. ninguém nasce sabendo de tudo. quando nascemos, até a respiração é algo que aprendemos: o oxigênio externo se expande de forma independente nos nossos pulmões e aprendemos, em poucos segundos, a chorar e é exagerado, feio… mas para a sua mãe é um milagre.
as próximas vezes são costumes, hábitos adquiridos. para mim, uma ação é diária, mas, para você, a mesma atitude pode ser raridade. as primeiras vezes te ensinam manias e padrões que futuramente se tornam vícios. daí vem o termo “vício de linguagem”: repetição de palavras que podem estar certas ou erradas.
o meu primeiro poema vai ser ridículo, a minha primeira música não terá sentido lírico, a minha primeira frase não terá conjugação verbal… as primeira vezes na vida são de amargar a minha futura lição de moral! até falei sobre isso no meu primeiro poema:
AUSENTE
presente ou ausente
não sei onde você está
você sempre se diz presente
para sempre e onde você estava se é tão presente?
ausente
tão ausente
desse jeito tive que chorar um pouco
fique no foco
tem até laço no presente
foi embora e voltou
mesmo assim tão ausente
na minha companhia
te sinto ausente
adeus
agora estarei presente e você ausente
parece que existia uma ausência de pontuação, ein, eu de 2021?